Minhas raízes lusitanas

Imagem: Internet
Para começar a falar sobre minha história, preciso descrever quais as minhas origens e o orgulho que tenho de minha ancestralidade, do orgulho que tenho de pertencer a esse lado da família e o quanto essa família foi e é cada vez mais importante na minha vida.

Tenho absurdo orgulho de minhas origens lusitanas: sou filha de um imigrante português que chegou ao Brasil nos anos 50, fugindo da devastação que a 2ª Guerra Mundial deixou na Europa. 
A minha coragem vem de família, pois foi preciso muita coragem para meus avós deixar seus pais e toda sua família para trás, deixar suas terras e suas raízes para desbravar novos horizontes em terras tupiniquins. A vida por lá estava muito difícil e havia muito miséria e dificuldades no campo e o Brasil entrava na era dos 50 anos em 5 do governo JK e havia a promessa e a esperança de muita prosperidade.

Meus avós e seus filhos: meu pai e mais dois tios vieram de navio, chegaram ao Brasil após 45 dias cruzando o oceano e firmaram sua nova morada no bairro do Belenzinho na capital de SP. 

Meu avô trabalhou como feirante por muito tempo, minha avó trabalhou como tecelã em uma fábrica na Moóca e depois de muito tempo, conseguiram abrir seu próprio armazém, que mantiveram até o fim de suas vidas. E assim com muito sacrifício e trabalho, contribuíram para transformar SP nessa metrópole que é hoje e assim, conseguiram sua casa própria, seu sustento e criaram dignamente seus três filhos.

Meu pai Luiz, era o mais velho deles e começou a trabalhar muito cedo, aos 7 anos de idade já pisava uvas para fazer vinho em Portugal e aos 10 anos trabalhava na feira junto com meu avô já no Brasil e aos 12 anos já havia aprendido o ofício de mecânico de automóveis, profissão que passou a exercer desde então. Trabalhar cedo naquela época era saudável, não era considerado trabalho infantil e de forma alguma roubou a dignidade de meu pai e nem de meus tios, pois todos se tornaram homens de bem e formaram famílias honradas.

Ser criada num lar de imigrante e estar numa família portuguesa, foram uma grande honra na minha trajetória: as histórias de vida, a coragem da mudança, a força pela busca por uma vida melhor, os valores sólidos que eram transmitidos de pai para filho, o exemplo do trabalho e da força da honestidade foram muito fortes e carrego esse exemplo até hoje.

Adorava quando chegavam as férias escolares: meus pais me deixavam passar uma semana na casa de meus avós. Era uma semana de pura liberdade, sem meus pais... eu me tornava a rainha da casa, meu avô era ranzinza, mas diante de meu sorriso e peraltice ele se derretia... minha avó fazia lindas peças em crochê e me ensinava com a maior paciência, tanto que sou uma crocheteira de mão cheia até hoje, graças à ela. 
Fecho os olhos e me vem a imagem daqueles galos de temperatura que ela tinha na estante da sala e em cima da geladeira na cozinha, eu ficava impressionada na mudança de cor de acordo com a temperatura ambiente e adora quando o galinho ficava azulado, pois azul é minha cor preferida desde criança.

Adora ir no Estádio do Canindé com meu avô, onde ele ia assistir os jogos de sua querida Portuguesa de Desportos, seu time de futebol de coração... Passei a minha infância dentro do Canindé e até 2011 adora ir à Quermesse da Portuguesa, uma das mais famosas de SP só para ir novamente ao Canindé.

Adorava ajudá-los a atender no armazém, principalmente a cuidar da vitrine de doces: tinha tantas guloseimas deliciosas e irresistíveis! 
Choquito então, nem se fala!

Eu era tão formiga que aos doze anos, já tinha feito meu primeiro tratamento de canal, por que comer doces era irresistível mim, mas escovar os dentes que era bom... nada... só queria saber dos doces e das brincadeiras!

Mas também adora comer tremoço, detonava.... Ficava até com dor de barriga de tanto comer tremoço. Nossa... tremoço tem sabor da minha infância!!!



         Parte de mim vem dessas raízes e me orgulho muito disso!
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