Minhas raízes mineiras

Serra do Paraíso - Campos Gerais/MG
Acervo pessoal
Também tenho absoluto orgulho de minhas raízes mineiras, nasci em Campos Gerais, cidadezinha de quase 30 mil habitantes, localizada no sul de MG, rodeada por serras e a principal, a Serra do Paraíso, cuja paisagem permanece dia após dia viva em minha memória. 

Minha mãe Dulcinéa, nasceu e se criou lá em Campos Gerais, era filha única e minha avó que eu tive o prazer de conviver até meus 21 anos era uma avó muito brava, mas muito boa e divertida, adorava contar umas piadas repletas de palavrões. Já meu avô eu não conheci, pois ele já era falecido quando nasci, mas minha mãe sempre fez questão de mantê-lo vivo em sua memória.

Durante minha infância, nas férias escolares íamos para Campos Gerais, ela preparava a casa para nos receber e como minha avó criava galinhas ela separava algumas para “ir para a panela” e eu morria de dó de saber que elas tinham iriam virar um delicioso ensopado, mas na hora do almoço eu nem lembrava da peninha que sentia da coitadinha.

Lembro-me que ela preparava um delicioso doce de leite feito no tacho de cobre no fogão à lenha, preparava doce de cidra e doce de abóbora com cravo e pedacinhos de canela. Todos os dias, bebíamos leite vindo direto da roça e tirado da vaca na mesma manhã, comíamos ovos caipiras com aquela gema bem laranjinha, comíamos broa de milho, pamonha...

Lembra que falei antes do meu tratamento de canal aos 12 anos? Certamente, os doces mineiros tiveram grande parcela de culpa nisto...

Ahhh!! 
Que saudade... era tudo muito delicioso!

Eu não via a hora de chegar os períodos de férias escolares para ir para a casa de minha avó, mas ela tinha um jeito muito peculiar de nos amar, ao mesmo tempo em que ela nos amava e sentia saudades, ela também amava a sua privacidade e a sua solidão. Passávamos no máximo uma semana e retornávamos para Guarulhos, esse era o tempo que ela dedicava a nos receber em sua casa, após esse tempo a convivência já se tornava difícil, pois ela era brava e não abria mão de sua solidão, que fazia muito bem a ela e era absolutamente necessária.

Eu não compreendia muito bem esse jeito de amar, achava muito estranho e até achava ruim, pois achava que ela não nos amava de verdade, o que estava completamente enganada. Com o passar dos anos e a maturidade, compreendi que todos nós temos nossa maneira peculiar de demonstrar amor: alguns demonstram por palavras, outros por gestos e atitudes, alguns demonstrando amor e outros demonstrando com ações, no caso de minha avó, ela separa uns dias de sua solidão para nos receber e quando esses dias se esgotavam, ela resgatava sua vida cotidiana.

E olha.... é preciso muito amor e muita coragem para ser assim!

Hoje eu admiro sua coragem de viver na solidão e em seu instinto de sobrevivência de forma só, por que no fundo ela não estava só, ela estava acompanhada de Deus, e ela era feliz assim.

Ser criada numa família mineira também foi uma grande honra na minha trajetória: as histórias de uma vida simples do interior, a força do estudo, a presença marcante da natureza, a música caipira, o valor de comer uma fruta no pé, a religiosidade dos campos mineiros, a força da simplicidade foram muito fortes e carrego esse exemplo até hoje.


A outra parte de mim vem dessas raízes e também me orgulho muito disso!

Minhas raízes lusitanas

Imagem: Internet
Para começar a falar sobre minha história, preciso descrever quais as minhas origens e o orgulho que tenho de minha ancestralidade, do orgulho que tenho de pertencer a esse lado da família e o quanto essa família foi e é cada vez mais importante na minha vida.

Tenho absurdo orgulho de minhas origens lusitanas: sou filha de um imigrante português que chegou ao Brasil nos anos 50, fugindo da devastação que a 2ª Guerra Mundial deixou na Europa. 
A minha coragem vem de família, pois foi preciso muita coragem para meus avós deixar seus pais e toda sua família para trás, deixar suas terras e suas raízes para desbravar novos horizontes em terras tupiniquins. A vida por lá estava muito difícil e havia muito miséria e dificuldades no campo e o Brasil entrava na era dos 50 anos em 5 do governo JK e havia a promessa e a esperança de muita prosperidade.

Meus avós e seus filhos: meu pai e mais dois tios vieram de navio, chegaram ao Brasil após 45 dias cruzando o oceano e firmaram sua nova morada no bairro do Belenzinho na capital de SP. 

Meu avô trabalhou como feirante por muito tempo, minha avó trabalhou como tecelã em uma fábrica na Moóca e depois de muito tempo, conseguiram abrir seu próprio armazém, que mantiveram até o fim de suas vidas. E assim com muito sacrifício e trabalho, contribuíram para transformar SP nessa metrópole que é hoje e assim, conseguiram sua casa própria, seu sustento e criaram dignamente seus três filhos.

Meu pai Luiz, era o mais velho deles e começou a trabalhar muito cedo, aos 7 anos de idade já pisava uvas para fazer vinho em Portugal e aos 10 anos trabalhava na feira junto com meu avô já no Brasil e aos 12 anos já havia aprendido o ofício de mecânico de automóveis, profissão que passou a exercer desde então. Trabalhar cedo naquela época era saudável, não era considerado trabalho infantil e de forma alguma roubou a dignidade de meu pai e nem de meus tios, pois todos se tornaram homens de bem e formaram famílias honradas.

Ser criada num lar de imigrante e estar numa família portuguesa, foram uma grande honra na minha trajetória: as histórias de vida, a coragem da mudança, a força pela busca por uma vida melhor, os valores sólidos que eram transmitidos de pai para filho, o exemplo do trabalho e da força da honestidade foram muito fortes e carrego esse exemplo até hoje.

Adorava quando chegavam as férias escolares: meus pais me deixavam passar uma semana na casa de meus avós. Era uma semana de pura liberdade, sem meus pais... eu me tornava a rainha da casa, meu avô era ranzinza, mas diante de meu sorriso e peraltice ele se derretia... minha avó fazia lindas peças em crochê e me ensinava com a maior paciência, tanto que sou uma crocheteira de mão cheia até hoje, graças à ela. 
Fecho os olhos e me vem a imagem daqueles galos de temperatura que ela tinha na estante da sala e em cima da geladeira na cozinha, eu ficava impressionada na mudança de cor de acordo com a temperatura ambiente e adora quando o galinho ficava azulado, pois azul é minha cor preferida desde criança.

Adora ir no Estádio do Canindé com meu avô, onde ele ia assistir os jogos de sua querida Portuguesa de Desportos, seu time de futebol de coração... Passei a minha infância dentro do Canindé e até 2011 adora ir à Quermesse da Portuguesa, uma das mais famosas de SP só para ir novamente ao Canindé.

Adorava ajudá-los a atender no armazém, principalmente a cuidar da vitrine de doces: tinha tantas guloseimas deliciosas e irresistíveis! 
Choquito então, nem se fala!

Eu era tão formiga que aos doze anos, já tinha feito meu primeiro tratamento de canal, por que comer doces era irresistível mim, mas escovar os dentes que era bom... nada... só queria saber dos doces e das brincadeiras!

Mas também adora comer tremoço, detonava.... Ficava até com dor de barriga de tanto comer tremoço. Nossa... tremoço tem sabor da minha infância!!!



         Parte de mim vem dessas raízes e me orgulho muito disso!

Trilha sonora da minha vida


Nem um Dia, música composta e interpretada por Djavan.
Música que faz parte da Trilha Sonora da Minha Vida:



Por falar em gostar de ler desde criança...

Fonte da imagem: Google Images
"O livro é um brinquedo
feito com letras. Ler é brincar."
por Rubem Alves



No final do texto "Meu Baú e a coragem", disse que explicaria de onde veio a inspiração para escrever sobre a minha vida. Na verdade são duas inspirações e hoje vou falar sobre uma delas.

Já contei que gosto de ler desde criança e que esse "vício do bem" vem desde bem cedo já que fui alfabetizada aos 5 anos.
Na verdade, venho de um lar onde se respirava educação... Tive o privilégio de ser apresentada ao universo da leitura e aos livros pela minha mãe, uma professora e educadora por vocação.

Recordo-me que, morava num sobrado e no corredor da escada no segundo pavimento, havia uma estante de livros e enciclopédias (duas dessas enciclopédias eu guardo até hoje) que ficava ao lado da porta do banheiro e quando queria "fugir" de ajudar minha mãe na faxina de sábado, pegava um livro e me trancava rapidamente no banheiro...

Lá ficava muito tempo!
Na verdade alguns bons minutos que na minha cabeça infantil eram horas, me deliciando com as leituras e só saia quando minha mãe me ameaçava de "me dar uma surra", por não ajudá-la. Ela dizia que ficava abismada com o fato de eu só ter dor de barriga, aos sábados... rsrs

Só para fazer um adendo, desde criança eu e meu irmão fomos criados para ajudar minha mãe nos afazeres domésticos, para desenvolvermos o senso de colaboração e responsabilidade, lógico que não fazíamos nada de pesado, mas tínhamos que ser participativos. Nada que possa ser taxado hoje como "exploração do trabalho infantil", mas que foi fundamental na minha adolescência, quando a mãe morreu (mas sobre isso falarei no momento oportuno).

Voltando à fuga da faxina...

Ai, eu abria a porta do banheiro bem devagarinho com a maior carinha de sapeca ruiva que só eu sabia fazer, com meus olhos verdes bem esbugalhados e minhas bochechas bem vermelhinhas, com algum livro na mão e dizia:
- Estava com dor de barriga, mãe!

A minha mãe acabava perdendo a coragem de me bater.

Quando adolescente e que já não mais fugia da faxina, minha mãe me confidenciou que apesar de brava, ela sabia bem o motivo de "minha dor de barriga" e achava minha atitude muito engraçadinha e que ficava emocionada ao saber que estava escondida, lendo.

Hoje compreendo o quanto a leitura foi determinante na minha formação como ser humano, como me tornei um ser pensante e analítico, que passou a enxergar a vida através das letras e de todas as leituras agregadoras.

O gosto pela leitura me trouxe uma compreensão das necessidades da vida, especialmente da evolução humana e da vida moderna, determinou a escolha de minha profissão, a vocação profissional, o modo como encaro a cidadania, a fé, os desígnios do Universo e sua conspiração e os relacionamentos humanos.
Acredito que fui elaborando o roteiro da minha vida através da leitura e da formação educacional, muito presentes na minha educação formal e moral em minha casa.

Aproveitando minhas lembranças de infância, recordei-me da dna. Maria - uma vizinha que trabalhava no Jornal Folha Metropolitana de Guarulhos e que sempre nos presenteava com alguns "mimos". Lembro-me que ela nos presenteava com ingressos para o Playcenter, ela me levou à inauguração do Estádio Thomeuzão (não me recordo o ano, mas foi nos idos dos anos 80) lá em Guarulhos, e o show que marcou a inauguração do ginásio foi com o cantor Guilherme Arantes no auge do sucesso, acho que eu tinha uns 10 anos e tenho flashes dessa noite e recordo-me que curti muito. Seria essa a primeira vez que eu fui a um show.

Ela também sempre levava as minhas inscrições para os concursos culturais promovidos pelo jornal. E em 1986, num deles fui sorteada e contemplada com o livro Azulão da escritora Cristina Porto, um livro bem bacana que contava a saga de uma formiga chamada Ritinha, que resolve desbravar um lindo objeto azul que ficava em cima da mesa, qual foi a sua surpresa ao descobrir que tratava-se de um açucareiro cheio de açúcar.

Revirando meus guardados, achei a foto da premiação:


Fiquei muito grata e feliz pela premiação e pela oportunidade de conhecer o jornal, mas muito decepcionada ao perceber que o tal do Jota Gê era um boneco de papelão.... rsrs
Na doce e singela inocência de uma criança, o personagem era um "boneco" de verdade e que ao chegar ao jornal eu seria recepcionada e premiada por ele!
O que obviamente não ocorreu, pois o personagem não passava de uma figura inanimada.

Hoje vejo o quanto as crianças de minha época eram muito carentes da ludicidade e do estímulo à criatividade, tão importantes para um universo de imaginação  e docilidade de uma criança sonhadora. Mas enfim, valeu pelo passeio e pelo livro que li e reli várias vezes até doá-lo para a biblioteca da minha saudosa E.E.P.G. Comandante João Ribeiro de Barros, escola onde tive o orgulho de estudar parte da minha infância, localizada em Cumbica em Guarulhos.

Existe mais um grande motivo que me inspirou a contar a minha história, mas isso fica para a próxima postagem...

Abraço e até lá!
Simoni

Trilha sonora da minha vida

Fonte da imagem: Blog Mundo de Papel
"De todo o meu passado,
 boas e más recordações
 quero viver meu presente
 e lembrar tudo depois.
Nessa vida passageira,
Eu sou eu, você é você;
Isso é o que mais me agrada,
isso é o que me faz dizer:
Que vejo flores em você...
                                               " Letra de Edgar Scandurra, interpretada pelo grupo Ira!

Um dos temas recorrentes aqui no blog, será música. Que fazem parte da Trilha Sonora da minha vida, que marcaram passagens ou pessoas importantes na minha jornada...

Existem pesquisas que afirmam que o ser humano utiliza apenas 20% da capacidade de seu cérebro. Mito ou não, o fato é que ele atua como um moderníssimo HD capaz de armazenar milhões de informações, para posteriormente usá-las em momentos oportunos.

E sempre que ouvimos aquelas músicas especiais, que fizeram parte de algum momento importante, esse HD resgata de seus arquivos recordações singelas capazes de marejar nossos olhos, aquecer nossa alma, trazer de volta sensações e sentimentos vividos, minimizar sofrimentos e acalentar nossa saudade.

A primeira música é Vejo Flores em Você, do grupo Ira! - uma música especial, que fala sobre lembranças e individualidade.
Link do vídeo - gravado no Acústico MTV:

Meu baú e a coragem...

Fonte da imagem: Google Images
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e dai afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
Guimarães Rosa, no livro Grande Sertão: Veredas

Como contei anteriormente, sempre fui uma cabeça pensante e questionadora, que busca respostas e compreensão e que até hoje borbulha pensamentos, aflora sentimentos e revive recordações. Confesso que é até incômodo e pode parecer absurdo, mas às vezes sinto cansaço de tanto pensar e sentir, sei que preciso trabalhar muito isso em mim, e o relaxamento e a meditação me ajudam a alcançar essa aquietação da mente e de meu interior.

De tanto me falarem que eu deveria aliar minha habilidade com a escrita com a minha história e escrever um livro, com o tempo decidi que seria uma boa. Desde muito novinha me tornei referência de superação e força, tanto que as mães de minhas amigas me tinham como exemplo de responsabilidade, força e de uma menina que apesar de ter perdido a mãe cedo e conviver com o alcoolismo do pai e todas as circunstâncias decorrentes disso, não tomou um rumo inadequado para sua vida.

Foi preciso muita coragem para começar a escrever minha história, afinal de contas a vida não é um mar de rosas para a maioria das pessoas e para mim não é diferente. Mas, passar por dificuldades na melhor fase da vida que é a infância - e ter uma sobrecarga de dores, perdas, problemas e responsabilidades logo na adolescência não é nada fácil para recordar e especialmente, de compartilhar.

Por isso, considero que é preciso muita coragem!

Muitas pessoas passam por diferentes situações na vida... são fases difíceis ou graves problemas ao longo de suas vidas e não podia ser diferente, pois são elementos que fazem parte do processo de evolução humana. Mas a diferença está em como encarar tudo isso, quais lições tirar de cada situação e dependendo do ocorrido, especialmente enfrentar o desafio de não tornar-se um ser humano amargo, desiludido ou revoltado, o que definitivamente não me tornei, embora vivi uma fase bem revoltada.

E, por experiência própria afirmo, que esse desafio não é fácil e depende de muita força de vontade e Fé para não sucumbir ao hábito de apenas reclamar da vida. Esse blog não será religioso pois não comungo de uma só religião, mas falará sobre Fé, pois foi essa pequena palavra e seu grande significado que me motivou a encarar cada desafio e cada problema com a cabeça erguida e com a certeza de que para tudo, havia um propósito.

Coragem para relembrar...
Coragem para compartilhar...
Coragem para abrir o coração e assumir fraquezas e erros...
Coragem para se orgulhar e honrar...

Mas especialmente coragem para reconhecer que nem sempre a vida é do jeito que sonhamos, mas que ela pode ser muito melhor se a olharmos com os olhos de gratidão e aprendizado. Embora tenha passagens tristes, onde foi necessário coragem e força para superá-las e contá-las, esse blog não é uma autobiografia, ou uma narrativa cronológica e também não tem a pretensão de servir de autoajuda.

É um blog que fala de passagens de vida de uma pessoa comum, de uma profissional com sua carreira executiva em constante construção, de uma filha que honra sua história familiar, de uma irmã saudosa de seu companheirinho de infância e de uma mulher que ama, uma pessoa com o latente desejo de compartilhar seu processo de autoconhecimento.

Um blog que fala sobre como uma pessoa pode tirar lições valiosas de cada experiência, que ao invés de passar a vida lamentando e se vitimizando, encara que é possível sair mais fortalecida de cada vivência, basta que reconheça em si a força e a coragem para lidar com os revés da vida.

Faz toda a diferença: olhar para si com generosidade e estar aberta e disposta ao autoconhecimento...

que é uma palavra chave para a superação:
autoconhecimento...
autoconhecimento...
autoconhecimento.

Autoconhecimento é olhar para dentro de si, buscando reconhecimento de nós mesmos, respostas e compreensão sobre si mesmo e sobre a vida e seus reflexos. É o fortalecimento através da autopercepção de si próprio, já que todos temos um refúgio interno e essa interiorização nos permite nos conhecer. É o autoconhecimento que nos permite reagir a situações e experiências buscando uma recomposição inteligente e eficaz através da resiliência, minimizando conflitos internos e sofrimentos prolongados, nos permite reconhecer erros e limitações e a encarar a vida com gratidão e serenidade.

Não que o sofrimento não exista, ele existe e faz parte da vida e do nosso processo de amadurecimento, principalmente em processos de ruptura e luto, que são processos passageiros e obrigatórios, mas que devem ser vivenciados e esgotados, para nos permitir prosseguir.
Estou novamente numa fase de vivenciar o luto, de sofrer a perda e de questionar e compreender diversas situações que o Universo nos impõe através dos acontecimentos da vida e das opções das pessoas, é um processo bem individual e que o blog ajudará a superá-lo de vez.

E desde que conheci a busca pelo autoconhecimento, conheci a Constelação Sistêmica e passei a compreender a importância de honrar minha história, meus ancestrais e a aceitar os acontecimentos da vida com generosidade e aprendizado, passei a sentir a necessidade de escrevê-la e eternizá-la.

Entretanto, faltava-me coragem... e o que me encorajou?

Na próxima postagem, explicarei de onde veio a motivação para contar minha história.

Abraço e até lá!
Simoni

Mas, por que "Abrindo o Baú"?

Fonte da imagem: Google Images

Você deve estar se perguntando: por que escolhi "Abrindo o Baú"?

Antes de iniciar a minha história, se faz necessário explicar que desde novinha minha mãe identificou que eu era bem precoce e disciplinada, daquelas crianças que compreendiam e colaboravam com tudo o que acontecia ao seu redor. 

Desde criança sou bem agitada, uma verdadeira antena receptora que captava tudo ao redor, movida de uma cabeça pensante. Devido ao fato de ser filha de professora, fui alfabetizada cedo e aos 5 anos já lia relativamente bem; desde então passei a desenvolver o gosto pela leitura e para se ter uma real ideia de como eu sempre fui, se não estivesse com um livro nas mãos, não estava satisfeita... inclusive tenho recordações de me esconder no banheiro para não ajudar na faxina de sábado e ficar lendo bula de remédios (rsrs). 

Quando criança adorava fábulas e contos de fada, que me levavam bem distante da realidade difícil em que eu vivia.

E desde pequena imaginava que dentro de cada um de nós, existia um baú parecido com aqueles dos contos ou dos filmes de pirata, mas que ao invés de ter um rico tesouro cheio de joias e moedas de ouro, esse baú seria repleto de recordações.
Neste baú imaginário, teríamos um espaço especialmente reservado para as “boas lembranças”... Sabe aquelas que nos traz à tona momentos de puro amor, que nos adoçam a alma e nos remetem a acontecimentos positivos, singelos e agregadores? 
Essas mesmo...

Teríamos também as lembranças que vou chamar de “café com leite”... Aquelas que quase nunca lembramos e que devido a nossa memória seletiva, só surgem em nossa memória esporadicamente, como num passe de mágica: quando ouvimos uma frase, uma música, sentimos um cheiro ou quando reencontramos alguém que fez parte de nosso convívio...

Mas, também encontraríamos em espaço reservado para as “más lembranças”... Sabe aquelas recordações que, muito embora jamais gostaríamos de tê-las vivido, inevitavelmente elas estão lá... num cantinho bem escondidinho no fundo do baú, esperando para ser redescoberta? Sabe aquelas recordações que nos deixa com o coração apertado e com um sabor amargo na boca? 
Sim... essas mesmo... que embora sejam bem difíceis de recordar, nos lembram que temos dentro de nosso ser uma grande capacidade de superação, que nos dá força para batalhar e sobreviver e vencer; e que nos faz saber que no fundo, sempre nos resta como prêmio: crescimento e amadurecimento. 
Essas mesmo.... acredite, elas também são importantes!

Ahhhhh.... elas as lembranças: agradáveis e desagradáveis!
Natural que seja assim...
Afinal de contas, como sempre digo não somos Alices e não vivemos no País das Maravilhas e o Universo nos reserva, bons e maus momentos...

Inevitavelmente, não escolhemos o que “carregamos” em nosso baú.
Afinal de contas, esse baú de histórias faz parte da nossa trajetória de vida, onde cada um tem o seu... e nessa trajetória não só passamos por coisas positivas, mas também por situações difíceis e doloridas.

Entretanto... o que podemos escolher e isso sim, fará toda a diferença para o resto de nossas vidas: é a maneira como lidamos e como administramos seu “peso” e seu “conteúdo”.

Sofrer é inevitável...  aliás, faz parte de nosso processo de amadurecimento...

Mas, não entregar-se ao sofrimento e lutar de cabeça erguida, esses sim... são os reais segredos da vida.

Honrar nosso baú, ou seja, nos orgulhar de nossa história... e saber utilizá-lo da maneira mais construtiva, é o grande desafio dessa vida e que verdadeiramente faz toda a diferença na forma como enxergamos a existência e os desafios impostos para nossa sã sobrevivência.

E você?
Já refletiu... como você encara o conteúdo de seu baú???

Reflita, e se sentir-se confortável, compartilhe comigo!

Abraço,
Simoni

Por que esse blog?


Fonte da imagem: Google Images
Há anos ouço de quem conhece profundamente a minha história, que ela daria um livro...

Desde criança tive de aprender a conviver com um lar desestruturado e com todos os problemas decorrentes de um grave problema que assola milhares de famílias, o alcoolismo. Minha família não foi a primeira e não será a última a sofrer desse mal... Por muito tempo, tive vergonha dessa condição familiar e era um assunto tabu fora de meu círculo familiar.

Ainda tive que aprender a conviver com a dor da perda de minha mãe aos 16 anos, tornar-se a responsável em cuidar de meu irmão de 11 anos à época, conviver com o alto grau de alcoolismo que culminou na perda de uma visão de meu pai, conviver com a dependência química em meu núcleo familiar, superar o afastamento de pessoas amigas e de familiares. Além disso, amadurecer de um dia pro outro e ainda conviver com todas as nuances de uma adolescente como outra qualquer: repleta de planos, expectativas, descobertas e medos inerentes à essa fase da vida.

Tudo o que descrevi acima me causava muita dor, não havia um dia sequer que eu não derramasse lágrimas de dor e de revolta pela ausência da minha mãe, pela postura violenta do meu pai, pelo sofrimento nos olhos de meu irmão, pelo afastamento de avós e tios. Enfim, por toda uma fase extremamente difícil.


Levei anos para compreender que não poderia continuar me revoltando pela minha história e pelos acontecimentos que o Universo impôs à minha existência. Compreendi que o ditado: "Deus não coloca um fardo que não podemos carregar" é uma grande verdade. 


Tive um amigo muito especial (que me apaixonei por ele), que me ajudou neste processo, ele e seu pai foram cruciais para que eu encontrasse algumas respostas no kardecismo e; assim, passei a compreender que tudo o que estava passando, as dores, as perdas eram parte da minha trajetória e que eu deveria aprender algo com todas as situações impostas pelo Universo.


Com o passar do tempo, amadurecimento pessoal e autoconhecimento, aprendi a honrar minha história. Diante disso, resolvi me apropriar das experiências que determinaram o que sou; e percebi que se compartilhasse essas dores e experiências com pessoas que possam vir a se identificar com essas vivências, além de exorcizar alguns "monstros" ainda existentes, também poderia ajudar outras pessoas que passam ou passaram por algo semelhante e talvez servir de exemplo de como superar as adversidades impostas pelo Universo.

No final de 2012 decidi escrever um livro, mas devido a um trágico e decisivo percalço da vida em 2014, interrompi meu livro e meu outro blog, o Além do RH, pois essa perda me bloqueou e me fez perder a inspiração para continuar escrevendo. Neste caso, o processo de luto foi longo e doloroso e agora, passado um tempo resolvi iniciar esse blog para publicar as passagens já escritas de meu livro e recuperar a inspiração e a vontade de compartilhar minhas histórias e ter forças para dissertar sobre esse acontecimento recente que tanto mexeu com minhas estruturas.

Estou aprendendo a reconhecer uma força interna muito grande, que hoje sei que se chama resiliência. Ainda hoje choro muito pois o choro para mim é uma possibilidade de libertação, mas não me abato já que olho para trás e penso em tudo que passei e sobrevivi com integridade e de cabeça erguida.

Neste blog você encontrará temas que fizeram parte de minha trajetória como: alcoolismo, bullying, violência doméstica, AA, morte, educação, exemplo de vida, família, dependência química, autoconhecimento, coragem, fome, integridade, preconceito, julgamento, Fé, religião, superação, origens, gratidão, suicídio, luto, entre outros.

Esse blog não será um blog triste, pelo contrário será um blog alto astral, para quem deseja ver o lado bom da vida, inclusive da passagens tristes. Aqui você encontrará música, poesia, ditados populares (que um bom mineiro adora...rs) e mensagens de otimismo.

Não que eu ainda não fraqueje... longe disso, ainda hoje derrapo em momentos, de questionamentos, de busca de compreensão, mas quando recobro a consciência percebo o quanto sou forte, especialmente quando olho para trás e vejo o quanto progredi enquanto pessoa e o quanto ainda posso me tornar melhor do que sou hoje: mais leve, menos questionadora... Sempre tive tendência à vitimização, mas hoje compreendo que não há vítimas, somos todos responsáveis de alguma forma, por todos os acontecimentos em nossas vidas.

E compreender que depois de tudo, nossa missão nessa vida é muito simples: SER FELIZ!


Andréa Frangakis e eu em Santos/SP na Ação do Coração de 2013
E aqui, vai um agradecimento especial:
À Andréa Frangakis.

Uma pessoa que o Universo colocou em meu caminho, que tem sido extremamente importante com suas palavras e exemplos de solidariedade, vida, família e Fé.
Um ser humano incrível que oferece o seu melhor sem exigir nada em troca, que tem me apoiado com atenção e carinho e tem me feito refletir sobre a nossa verdadeira missão nessa vida.

Déa, toda a minha gratidão!

Adoro você...

Espero sinceramente que este blog seja inspirador...

Abraço a todos!
Simoni

Dedicatória e profunda gratidão...

Fonte da imagem: Google Images

Não há no mundo
 exagero mais belo
que a gratidão."
 por Jean de La Bruyere, pensador francês





Cresci ouvindo minha mãe dizer que a gratidão é uma das qualidades mais importantes do ser humano e confesso que, isso tornou-se um mantra na minha vida.
Outro ensinamento que Dona Dulci, uma educadora, deixou como exemplo de vida é de que sempre devemos compartilhar nosso aprendizado e tudo aquilo que temos de construtivo.

E essa é a melhor oportunidade para manifestar minha gratidão por ela e por todas as pessoas importantes na minha vida, mas sobretudo essa é uma oportunidade para compartilhar:
tudo o que a vida me ensinou...
e ainda ensina...
e continuará ensinando...

Aprendi com o Universo, que a vida é feita de ciclos e ao conviver com tantas pessoas em tantos ciclos da minha trajetória, sinto que cada pessoa - cada uma à sua maneira, teve fundamental importância na formação da pessoa que me torno, a cada dia.

À quem passou e se foi para outro plano espiritual, esse blog é para você...
À quem passou e a vida se encarregou de traçar outras rotas, esse blog é para você...
À quem passou e permanece, esse blog é para você...

De forma especial:
à minha maior heroína, minha eterna e amada mãe, Dona Dulcinéa.
à companheiro e parceiro de vida, Alê.
Gratidão pelo amor por mim!

Amo vocês!
Simoni

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