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" O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e dai afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
Guimarães Rosa, no livro Grande Sertão: Veredas
Como contei anteriormente, sempre fui uma cabeça pensante e questionadora, que busca respostas e compreensão e que até hoje
borbulha pensamentos, aflora sentimentos e revive recordações. Confesso que é até incômodo e pode parecer absurdo, mas às vezes sinto cansaço de tanto pensar e sentir, sei que preciso trabalhar muito isso em mim, e o relaxamento e a meditação me ajudam a alcançar essa aquietação da mente e de meu interior.
De tanto me falarem que eu deveria aliar minha habilidade com a escrita com a minha história e escrever um livro, com o tempo decidi que seria uma boa. Desde muito novinha me tornei referência de superação
e força, tanto que as mães de minhas amigas me tinham como exemplo de responsabilidade,
força e de uma menina que apesar de ter perdido a mãe cedo e conviver com o alcoolismo do pai e todas as circunstâncias decorrentes disso, não tomou um rumo
inadequado para sua vida.
Foi
preciso muita coragem para começar a escrever minha história, afinal de contas a vida não é
um mar de rosas para a maioria das pessoas e para mim não é diferente. Mas,
passar por dificuldades na melhor fase da vida que é a infância - e ter uma
sobrecarga de dores, perdas, problemas e responsabilidades logo na adolescência
não é nada fácil para recordar e especialmente, de compartilhar.
Por isso,
considero que é preciso muita coragem!
Muitas
pessoas passam por diferentes situações na vida... são fases difíceis ou graves problemas ao longo de suas vidas e
não podia ser diferente, pois são elementos que fazem parte do processo de evolução humana. Mas a
diferença está em como encarar tudo isso, quais lições tirar de cada situação
e dependendo do ocorrido, especialmente enfrentar o desafio de não tornar-se um
ser humano amargo, desiludido ou revoltado, o que definitivamente não me tornei, embora vivi uma fase bem revoltada.
E,
por experiência própria afirmo, que esse desafio não é fácil e depende de muita
força de vontade e Fé para não sucumbir ao hábito de apenas reclamar da vida.
Esse blog não será religioso pois não comungo de uma só religião, mas falará sobre Fé, pois foi essa pequena palavra e seu grande significado que me
motivou a encarar cada desafio e cada problema com a cabeça erguida e com a
certeza de que para tudo, havia um propósito.
Coragem
para relembrar...
Coragem para compartilhar...
Coragem para abrir o coração e
assumir fraquezas e erros...
Coragem para se orgulhar e honrar...
Mas especialmente coragem para reconhecer que nem
sempre a vida é do jeito que sonhamos, mas que ela pode ser muito melhor se a
olharmos com os olhos de gratidão e aprendizado. Embora
tenha passagens tristes, onde foi necessário coragem e força para superá-las e
contá-las, esse blog não é uma autobiografia, ou uma narrativa cronológica e também não tem a pretensão de
servir de autoajuda.
É um blog que fala de passagens de vida de uma pessoa
comum, de uma profissional com sua carreira executiva em constante construção, de uma filha que honra
sua história familiar, de uma irmã saudosa de seu companheirinho de infância e de uma mulher que ama, uma pessoa com o latente desejo de compartilhar
seu processo de autoconhecimento.
Um blog que fala sobre como uma pessoa pode tirar lições
valiosas de cada experiência, que ao invés de passar a vida lamentando e se vitimizando, encara que
é possível sair mais fortalecida de cada vivência, basta que reconheça em si a
força e a coragem para lidar com os revés da vida.
Faz
toda a diferença: olhar para si com generosidade e estar aberta e disposta ao
autoconhecimento...
que é uma palavra chave para a superação:
autoconhecimento...
autoconhecimento...
autoconhecimento.
Autoconhecimento é olhar para dentro de si, buscando reconhecimento de nós mesmos, respostas e compreensão sobre si mesmo e sobre a vida e seus reflexos. É o fortalecimento através da autopercepção de si próprio, já que todos temos um refúgio interno e essa interiorização nos permite nos conhecer. É o autoconhecimento que nos permite reagir a situações e experiências buscando uma recomposição inteligente e eficaz através da resiliência, minimizando conflitos internos e sofrimentos prolongados, nos permite reconhecer erros e limitações e a encarar a vida com gratidão e serenidade.
Não que o sofrimento não exista, ele existe e faz parte da vida e do nosso processo de amadurecimento, principalmente em processos de ruptura e luto, que são processos passageiros e obrigatórios, mas que devem ser vivenciados e esgotados, para nos permitir prosseguir.
Estou novamente numa fase de vivenciar o luto, de sofrer a perda e de questionar e compreender diversas situações que o Universo nos impõe através dos acontecimentos da vida e das opções das pessoas, é um processo bem individual e que o blog ajudará a superá-lo de vez.
E
desde que conheci a busca pelo autoconhecimento, conheci a Constelação Sistêmica e passei a compreender a importância de honrar minha história, meus ancestrais e a aceitar
os acontecimentos da vida com generosidade e aprendizado, passei a sentir
a necessidade de escrevê-la e eternizá-la.
Entretanto,
faltava-me coragem... e o que me encorajou?
Na próxima postagem, explicarei de onde veio a motivação para contar minha história.
Abraço e até lá!
Simoni